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Acolhendo os refugiados

R. Leonardo Alanati

Lemos na Parashá que Eliezer, servo fiel de Abraão, tinha conseguido chegar à terra natal des eu patrão. Logo se dirigiu para o centro da aldeia: o poço d´água. Muitas mulheres carregavam seus baldes para levar aquele bem tão precioso para casa. Ele olhou e se perguntou: “Como poderei selecionar uma esposa para Isaac entre tantas mulheres?” Pensou um pouco e decidiu: aquela mulher para qual ele pedisse água para si e ela se oferecesse trazer água também para os seus camelos, seria a escolhida. Rebeca passou no teste e se tornou a segunda matriarca do povo judeu.

Mas o que o teste podia demonstrar sobre uma pessoa? Rashi explica que o teste desejava verificar se a futura esposa seria capaz de atos de bondade, Guemilut Chassadim. Mas não qualquer ato de bondade; o teste estava ligado à hospitalidade, ser bondoso com o forasteiro, que era uma das principais virtudes de Abraão.

Na Torá encontramos inúmeras leis de proteção ao Guer, o estrangeiro. O Rabino Plaut escreveu: “… um Guer é uma pessoa sem a proteção de um clã, que por isso busca o apadrinhamento de um benfeitor local, e no meio tempo precisa da proteção de uma legislação como esta. Um modo de se tornar um Guer era ser refugiado de guerra, da fome ou da opressão”. (The Torah, a modern commentary, p. 956) Nossos ancestrais foram realmente refugiados no Egito. E a história se repetiu diversas vezes: os judeus chegaram como refugiados a diversos países, inclusive ao Brasil.

As leis da Torá e a experiência histórica judaica nos obrigam a receber bem os refugiados onde quer que moremos. No Brasil, eles chegam da Venezuela, do Haiti e da Síria. Em Israel, judeus chegam da América do sul e não judeus chegam de países em conflito na África.

Vamos seguir o exemplo de Abraão e Rebeca. Vamos compartilhar nossos recursos, nosso espaço e nossa bondade com aqueles que chegam a nós de países em crise.